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Chordophonia - Entrevista a Vítor Sardinha

5/2/2016

4 Comments

 
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Antes de mais, podes falar um pouco de ti, do teu percurso musical e quando e porquê te surgiu o interesse pelos cordofones madeirenses: Braguinha, Rajão e Viola D'Arame?
Comecei a tocar viola dedilhada (guitarra clássica) com o meu tio Lídio Dias violista e guitarrista de fado, aos 13 anos. Aos 14 fui para o Conservatório de Música da Madeira e fui aluno do professor António Pires. O meu professor colocou-me numa turma especial, percebi isto quando lá cheguei, pois os meus dois colegas eram o Luís Filipe Aguiar e o Humberto Fournier, dois músicos consagrados já pelo seu percurso musical nas noites do Funchal. Recebi aulas com os três, a formal com técnica e leitura com o meu professor, e a outra, a ‘’escola’’ dos músicos que eu designo por «ver, ouvir e tocar» com estes colegas e depois, amigos. Fiz o Curso Geral de Guitarra com todas disciplinas inerentes ao curso, e em simultâneo, comecei a tocar nos hotéis, primeiro fazendo férias de músicos e grupos depois a contrato individual de trabalho.
O Rui Camacho, actual presidente da Associação Musical Xarabanda lançou-me um desafio em relação aos cordofones madeirenses. Essa foi a minha primeira abordagem, a partir de uma leitura e prática de um congénere, a guitarra clássica. Comecei a praticar os três cordofones, abraçando com mais intensidade o rajão e a viola de arame. Em 1997, fundei no âmbito do Gabinete de Apoio à Educação Musical e Dramática, a classe de Instrumentos tradicionais madeirenses no 1º Ciclo do Ensino Básico. Comecei a compor e a tocar para o rajão e a viola de arame, tendo já actuado e gravado em exclusivo com estes instrumentos, bem como me apresentado fora da Madeira e até de Portugal a tocar os mesmos, realidade que nunca tinha imaginado vir a fazer. Assumi pedagogicamente a direcção do Curso de Rajão e Viola de Arame, durante 5 anos, no Conservatório de Música da Madeira (2008-2013).

Há uma dúvida pertinente em relação aos cordofones, a denominação 'madeirenses' existe porque são originários da Madeira ou porque, embora oriundos de outro sítio, são de facto uma marca na tradição madeirense ?
Quando me responderem porque é que a ‘’braguesa’’ é de Braga; a ‘’amarantina’’ é de Amarante; a ‘’campaniça’’ dos campos alentejanos; a ‘’micaelense’’ é de São Miguel, Açores, e a ‘’terceirense’’ da Ilha Terceira, também dos Açores, tenho a minha resposta dada. A música tem também geografia dos instrumentos, aqueles que fazem parte, que integram, que não são dispensados na revisitação da tradição, os que se perpetuam na tradição local e regional. ‘’Madeirenses’’ por serem tocados cá, nos géneros mais antigos como por exemplo, o Charamba ou o Baile da Meia Volta no Porto Santo, praticados há 200 anos….pelo menos! Estes géneros musicais são executados desde sempre com a Viola de Arame. A nossa viola….Tem uma afinação diferente de todas as violas nacionais: RÉ,SI,SOL,RÉ,SOL (do agudo para o grave). A Viola Madeirense, é legítimo chamá-la assim, é uma das violas portuguesas. Estas têm o mesmo fundamento, uma caixa em forma de 8, 5 ordens de cordas, que podem ser duplas ou triplas), a nossa tem também o cunho dos mestres violeiros da Madeira, em actividade segundo Lambertini, desde o virar do séc. XVIII para o séc. XIX com António Quintal.
Quanto ao Rajão, único, no panorama musical português, é construído, praticado e ensinado apenas na Madeira. Não se constrói, pratica ou ensina em Portugal Continental, nem nos Açores nem tão pouco em nenhum país de língua oficial portuguesa. É necessário perder o medo das palavras, e usar a palavra ‘’ibérico’’, para referir que ainda hoje este instrumento, de 5 cordas, afinação reentrante, muito utilizado no Renascimento e Barroco, continua a ser construído, praticado e ensinado em muitos conservatórios de…Espanha. Na Comunidade Valenciana, Murcia, Ilhas Baleares, Aragon, Navarra, Ilhas Canárias, tomando vários nomes como: Guitarrilo, Requinto, Quinto, Guitarro, Timple ou Ti’ple. Resumindo são uma marca da Tradição Madeirense.
Muita da investigação livresca, domiciliada em Lisboa, nunca saiu ao terreno. Por isso, muitos destes instrumentos e aspectos da tradição não foram recolhidos no local, e como não constavam dos jornais da época, geralmente citadinos e burgueses, no que à música diz respeito, simplesmente não existiam…não constavam dos ficheiros de leitura! Ainda hoje, vemos que por exemplo, no manual para o 2º Ciclo do Ensino Básico, da Texto Editora (António Neves, David Amaral e Jorge Domingues) quando são tratados os cordofones tradicionais portugueses e outros instrumentos populares, a Região da Madeira é apenas representada pelo Brinquinho…! O livro é recente e muito utilizado nas nossas escolas nacionais....

É possível traçar uma espécie de árvore cronológica destes instrumentos? As suas origens e quando chegaram a Portugal e especificamente à Madeira?
Penso que temos de incluir sempre a Península Ibérica, e não ficarmos apenas pela parte portuguesa do violeiro Belchior Dias (1581).

Em que estilos e contextos musicais são/foram os cordofones maioritariamente utilizados e que outras fusões são dignas de destaque ?
O Brasil tem marcado o caminho da evolução dos cordofones, em especial da viola de arame e do cavaquinho ( braguinha), que se tem apresentado em todas as culturas e géneros musicais e artísticos. No caso do rajão, está bem documentada a sua presença através da emigração madeirense para as Ilhas do Havai, desde 1879, com construtores e músicos, possibilitando o aparecimento do Ukulele, que utiliza o corpo do pequeno braguinha, mas tem a afinação reentrante do Rajão. A música popular, o Jazz e o Music Hall americano tornaram-no planetário, a partir dos anos 20 do século passado. No meu caso pessoal, tenho redescoberto repertório do Renascimento e do Barroco, e para além deste, tenho adicionado alguns temas de Swing Jazz, na prática musical.
Ultimamente existe um crescente interesse por estes instrumentos. A que se deve este despertar?
O despertar deve-se à acção concertada tanto dos músicos, quanto das instituições públicas da Madeira, com referência ao Xarabanda, a Secretaria da Educação (DSEAM), os núcleos de música das escolas públicas, as Casas do Povo e o Conservatório de Música da Madeira.

Como gostarias que fosse o desenvolvimento e futuro dos cordofones?
O futuro passa pelo ensino profissional, pela gravação de música instrumental de diferentes épocas e estilos, pela digressão de músicos insulares pelo país, pela investigação e edição, que tem de ser nacional, para garantir a visibilidade necessária das práticas musicais madeirenses.
4 Comments
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10/2/2021 02:28:47 am

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