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Entrevista II - André Fernandes

1/2/2013

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Antes de mais fala-me um pouco de ti, do teu percurso.
Comecei a tocar guitarra com 14 anos. Sempre gostei de música e fui exposto através do meu pai que tocou piano profissionalmente quando jovem, a vários tipo de música. Muito jazz, música brasileira e outros. Através do meu irmão mais velho ouvia rock e pop da altura, e foi por aí que comecei. Pouco depois tocava em grupos de covers por Lisboa e fora, entrei para o Hot e comecei a tocar jazz desde aí. Acabei o Hot, entrei com uma bolsa na Berklee em Boston com 19 anos e vivi uns meses em Nova Iorque. Voltei e comecei a tocar muito com muita gente de cá e de fora, até agora. O meu currículo está aqui: www.andrefernandes.com .

Que mensagem ou sensações tentas passar na tua música?
Serei bem sucedido se a minha musica inspirar alguém a ser melhor músico, e principalmente se ajudar alguém a ser mais feliz, mesmo que seja só enquanto a ouve. 

Que qualidades admiras num músico e o que é que define para ti um bom músico? 
Admiro principalmente a originalidade, voz própria e coragem de fazer algo seu, sem medo da opinião de outros e sem a necessidade de tocar algo que já foi aceite.
Musicalmente admiro os músicos que tocam com intensidade e profundidade. Aqueles que fazem o que ouvem e que trabalham o suficiente para conseguirem transmitir-nos isso mesmo. Elementos que são para mim primordiais são o som, ritmo e inventividade melódica e harmónica. Tenho sérios problemas em ouvir música "certa" em que não haja algo de visceral na sua génese. Também tenho problemas em ouvir músicos mal preparados que se encostam à atitude ou "onda" para fazer música vazia, embora vistosa. O pior é ouvir alguém a apropriar-se da linguagem de outro fazendo do jazz uma musica de museu e/ou de reprodução ao vivo de algo que pertence a outra pessoa. Não havendo estas condições, sou muito aberto em relação ao que ouço. 

No Jazz, e não só, fala-se muito em respeitar a tradição. Que importância dás ao que se passou para trás? Achas que se respeita a tradição hoje em dia?
Há várias tradições. Para cada um, alguma será relevante. O renegar o passado com o objectivo de ser moderno, contemporâneo ou actual é estúpido e demonstra, acho eu, medo de não ser suficientemente relevante ao lado dos que ficaram na história.
Penso que há muitos músicos que respeitam a tradição, outros não. Também acho que reproduzir o que foi feito, de forma quase idêntica, não é respeitar a tradição. É usa-la em beneficio próprio. Pegar na tradição e integra-la no que somos parece-me mais interessante. 

Ainda em relação à tradição, que corrente mais te influenciou e que discos e músicos foram/são uma inspiração para ti?
Lennie Tristano, Bill Evans, Lee Konitz, Jim Hall, Andrew Hill, Shorter, ...

E coisas extra-musicais que te inspiram?
As minhas filhas. A confirmação diária de que todos somos originais antes de ganharmos medo. E pessoas que vivem a vida em pleno, assumindo quem são, fazendo o que fazem ao mais alto nível que conseguem. 

Que importância dás ao estudo? Praticaste muito enquanto estudante? Que conteúdos tinham mais ênfase na tua rotina diária? E hoje em dia o que é que praticas?
O estudo tem várias formas de existir. Não é só estudar escalas e acordes. Ou o instrumento. Mas é sempre o reflexo da tua dedicação à música. Enquanto estudante praticava muitas horas por dia, todos os dias. Hoje em dia não o faço tanto, ou não da mesma forma. Toco regularmente (não tanto quanto gostaria!), ensaio e escrevo música. Isso é a maior parte da minha relação diária com o instrumento hoje em dia. Enquanto estudante estudava tudo o que todos os músicos estudam (escalas, harmonia, técnica) e dava muito ênfase à composição. O som ocupou muito do meu tempo. Som e articulação. Ritmo na sua variedade, elasticidade e consistência foi e é das coisas que mais me interessam. 
Hoje em dia gosto de estudar sem a guitarra. Toco mentalmente. Ajuda-me em muitas coisas. Por mais bizarro que pareça. 

Tiveste ou tens aqueles fantasmas de 'deveria ter estudado o músico x ou o conteúdo y'? Como contrarias isso?
Não tenho. Houve uma fase em que sentia que devia ter dedicado mais tempo a ter recursos que me permitissem tocar em "piloto automático", ou seja ter "chops" ou frases, clichés, a que pudesse recorrer para tocar eficazmente em qualquer situação, mesmo que fosse desinspirada. Depois percebi que isso não me interessava nada e fiquei mais feliz. E continuo a não ter esses recursos. 

Muitas vezes a questão da técnica do instrumento é confundida com número de notas por segundo. O que é para ti a técnica do instrumento?
O som, expressividade e a articulação. 

E som do instrumento? Que idealizas para o teu som? Usas algum pedal para ajudar?
O teu som é a tua voz. Acredito que 99% do som está nos teus dedos. Depois podes procurar a forma de o traduzir com um amplificador e efeitos de forma a torná-lo mais elaborado e consistente. Em relação a pedais a base que uso, e nem sempre, é um Reverb, Delay e Overdrive. Depois tenho outros sons ocasionais. O pedal Whammy aparece em bastantes discos que gravei. Mas uso cada vez menos. 

Ficas nervoso quando entras em palco?
Quase nunca. Mas acontece por vezes. 

E tens ou já tiveste pensamentos parasitas que influenciam a tua prestação? Do género 'O que é que estou aqui a fazer?!' 'O público não se cala??' ou 'Está ali a pessoa X na plateia, tenho de tocar bem!'. Como dás a volta?
Hoje em dia tenho menos e menos. Mas claro que já tive. São horríveis e parte de ser músico profissional implica a capacidade de conseguir entrar num espaço próprio em que não te deixas afectar por isso. O ruído é mais problemático se for exagerado. Isso pode ser mortal. 

Ouves rádio? 
Sim. Radio nostalgia, m80, radar e antena 2. 

Interessa-te a música que se faz em Portugal? Qual a tua opinião acerca disso?
Claro que interessa. Gosto de imensas coisas e odeio outras tantas. Não é diferente do que sinto em relação à música internacional. 

O que andas a ouvir ultimamente? 
Perez Prado. Lembra-me a casa do meu avô e deixa qualquer um bem disposto. É óptimo para dançar com a minha filha mais velha. Que tem 4 anos. Isso diz muito da minha capacidade para dançar. 

Em jeito de despedida, fala-me do que andas a fazer actualmente e o que é que te imaginas a fazer daqui a 10 anos?
Agora ando a tentar editar o disco que gravei com os Supertrouper (eu, Mário Delgado, Nelson Cascais, DJ Nery e Iago Fernández) de que gosto muito e o disco dos sPiLL. A minha banda de rock, de que também estou muito orgulhoso. Tenho feito algumas digressões com o grupo do Perico Sambeat e outras com o grupo do Iago Fernández. 
Daqui a 10 anos imagino-me a tentar editar o disco dos Supertrouper e o dos sPiLL. Estou a brincar. Espero estar a tocar o mais possível, a gravar discos e a escrever música. É o que adoro fazer, e não sei fazer mais nada..

Obrigado André!
www.andrefernandes.com

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