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Entrevista X - Sara Serpa

1/10/2013

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Antes de mais fala-me um pouco de ti, do teu percurso e dos momentos que mais te marcaram até hoje.
Sou cantora e compositora a viver em Nova Iorque desde 2008 e nos EUA desde 2005. Estudei Piano, Canto, Pintura, Jazz, licenciei-me em Reabilitação e Inserção Social  em Portugal, e fiz um Master em Jazz Performance no New England Conservatory, em Boston. Mudar-me para os EUA foi um dos  momentos mais marcantes da minha vida, foi onde me dei conta que teria que dar tudo por tudo para ter a vida de músico que ambicionava..

Que mensagem ou sensações tentas passar na tua música?
Não penso propriamente em mensagem ou sensações específicas. Penso mais em fazer a música de que gosto e dar  sempre o meu melhor.

Que qualidades admiras num músico e o que é que define para ti um bom músico?
Bom ouvido, bom som, bom tempo... entrega total à música que faz sem preconceitos, criatividade,  respeito pelos parceiros, profissionalismo, boa energia e ser responsável, amor pela música em geral.

No Jazz, e não só, fala-se muito em respeitar a tradição. Que importância dás ao que se passou para trás? Achas que se respeita a tradição hoje em dia?
Viver nos EUA permite-me estar em contacto directo com muitas correntes do jazz, desde o tradicional ao mais avant-garde. Uma das coisas de que me dou conta é que todos os bons músicos conhecem a tradição, independentemente do estilo de música a que se dediquem. É importante ouvir o que se fez no passado, conhecer e aprender. . Tal como também é importante conhecer a música que foi feita em Portugal no passado- tem a ver coma nossa história e evolução.Voltando ao jazz,  o facto de conhecer ou poder ouvir regularmente músicos mais velhos, que viveram  os seus tempos de juventude nos anos 50/60 , ou que tocaram e conheceram figuras míticas do jazz,  é um privilégio que faz com que só possa mesmo ter muito respeito e admiração pelos músicos que criaram esta música e pela tradição. O jazz está associado à história social deste país, e é impressionante termos essa noção, oposta à ideia de que o jazz são escalas ou acordes que aprendes para tocar e improvisar, através de livros. Há toda uma cultura,  força e revolução, pensamento sofisticado por detrás desta música que se tem que ouvir e descobrir, e que por vezes as escolas/cursos de jazz não nos ensinam...

Ainda em relação à tradição, que corrente mais te influenciou e que discos e músicos foram uma inspiração para ti?
Cada ano tem a sua época, corrente...é difícil enumerar discos e músicos sem me esquecer de alguém.
Bach, Bartok, Pixies, Beatles, Miles Davis, Sarah Vaughan, Billie Holiday, Carmen McRae, Thelonious Monk, Herbie Hancock, Hermeto Pascoal, Tom Jobim, Abbey Lincoln, Louis Armstrong...e muitos mais...

E actualmente, que músicos te inspiram?
Wayne Shorter, Danilo Perez, Guillermo Klein,  Duke Ellington, Ran Blake, Maria João, Theo Bleckmann, Meredith Monk, Bjork, Paul Motian, John Zorn, Charlie Haden, Arvo Part, Mark Turner...e muitos outros. É sempre difícil para mim fazer estas listas. Nada é definitivo e está em constante mudança.

E coisas extra-musicais que sirvam de inspiração?
Natureza- estar rodeada de árvores, ou de mar, onde possa ver o céu e respirar ar puro, é fundamental para mim. Caminhadas,  cinema, livros, arte. Estar com bons e boas amig@s, boa comida, bom vinho, família. 

Que importância dás ao estudo? Praticaste muito enquanto estudante? Que conteúdos tinham mais ênfase na tua rotina diária? E hoje em dia o que é que praticas?
Pratiquei e continuo a praticar. É importante  para mim ter um rotina, mesmo que tenha pouco tempo diariamente, para manter o meu corpo, voz e mente em forma e poder evoluir.  Estar sozinha e concentrada na minha música é fundamental. Quando estava na escola tinha muito tempo par mim, acordava super cedo e ia para uma sala de estudo e ficava lá a estudar até ter aulas. E ficava na escola depois das aulas também. Quando sais da escola e te tornas profissional, tens que dar aulas e fazer mil e uma coisas todos os dias, gigs e afins, e o tempo de estudo é menor. Mas penso que praticar e estudar é fundamental para evoluir. E hoje em dia, mesmo um concerto ou um ensaio pode ser uma situação de estudo. Pratico muitas coisas, depende do que a música que tenho que aprender requer.  Técnica vocal, composição, transcrever música que me desperta curiosidade, aumentar o meu repertório. 

Tiveste ou tens aqueles fantasmas de 'deveria ter estudado o músico x ou o conteúdo y'? Como contrarias isso?
Não. 

Muitas vezes a questão da técnica do instrumento é confundida com número de notas por segundo. O que é para ti a técnica do instrumento?
Saber tocar/usar o instrumento de uma forma saudável, ter bom som, afinação, e saber tirar partido das contrariedades e facilidade que cada pessoa tem. Na realidade para mim é importante sentir qualquer coisa quando oiço outro músico- se não sentir nada, pouco importa se é um virtuoso. A música é uma forma de comunicação  e de expressão individual- músicos que se dedicam apenas à parte mecânica do instrumento não estão a usar todo o seu potencial.

E som do instrumento? Que idealizas para o teu som? 
Som livre e natural. Corpo relaxado e mente focada.

Que importância dás à composição?
Para mim escrever música é uma fonte de prazer e um desafio constante. É uma das coisas que mais gosto de fazer, criar o meu pequeno mundo sonoro.

Ficas nervosa quando entras em palco?
Sim- sinto a adrenalina, sempre! Houve tempos em que ficava totalmente descontrolada antes de entrar em palco. Hoje em dia, penso que consigo aceitar o facto de que estou nervosa e que a partir desse momento tudo vai melhorar.  Mas há sempre muita adrenalina antes e depois do gig.

E tens ou já tiveste pensamentos parasitas que podem influenciar a tua prestação em palco? Do género 'O que é que estou aqui a fazer?!' 'O público não se cala??' ou 'Está ali a pessoa X na plateia, tenho de tocar bem!'. Como dás a volta?
Há sempre pensamentos quando estou em palco, e  ainda mais sendo cantora,  porque tenho que obrigatoriamente que olhar e comunicar visualmente com o público- há sempre ideias e pensamentos, parasitas ou não. Quando isso acontece tento focar-me na música, ouvir o que se está a passar.

Ouves rádio? 
Quando estou em Portugal tento ouvir sim...mas infelizmente sinto que a rádio cada vez mais é um espelho dos interesses das grandes editoras e distribuidoras,e  a maioria da música que se ouve é de má qualidade. Adorava que houvesse uma boa estação de rádio em Portugal, em que os valores comerciais de música para as massas não fossem os privilegiados, em que se ouvisse música criativa, original, de lugares diferentes, que estimulasse o ouvinte, em vez de aborrecer.

Interessa-te a música que se faz em Portugal? Qual a tua opinião acerca disso?
Tenho sempre muita curiosidade pela música que se faz em Portugal, sim. É sempre bom regressar a Portugal e ouvir o que amig@s e colegas andam a fazer. Algumas coisas gosto, outras não tanto, mas é assim em todo o lado. Penso que há bons músicos e ideias muito boas.

O que andas a ouvir ultimamente?
Oiço música diferente todos os dias, a minha vida é maioritariamente música, e dificilmente oiço o mesmo disco durante muito tempo...viver em NY envolve não só fazer música e dar aulas, mas também ir ver muitos concertos ao vivo- esses momentos são muito importantes para mim. Esta semana vou ver os Atoms for Peace, estou muito curiosa.  Talvez vá também ver um concerto de música de câmara escrita pelo John Zorn.

Em jeito de despedida, fala-me do que andas a fazer actualmente e o que é que te imaginas a fazer daqui a 10 anos?
Actualmente lidero um quinteto aqui em NY, e também um ensemble vocal (em Portugal), os Fragmentz. Estou a preparar um álbum a duo com o André Matos, que irá sair em 2014...tenho também um duo com o pianista Ran Blake e recentemente juntei-me a um quarteto vocal do John Zorn, que se chama Mycale. Imagino-me daqui a 10 anos a ser feliz com a música que faço, e a viver de uma forma simples e realizada, com família, música, amigos, desafios e amor à minha volta.


2 Comments
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